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Saudade Sertaneja 》 Bio Crisanto

Poeta Bio Crisanto

A saudade que mais maltrata a gente,
Quando a gente se encontra em terra alheia,
É ouvir um trovão para o nascente
Numa tarde de março às quatro e meia.

A zoada do rio. A orla da corrente
Fazer lindos castelos na areia,
Uma torre cobrindo o sol poente,
Uma serra pra cá da lua cheia.

Um vaqueiro aboiando sem maldade
Com saudade do gado, – e com saudade,
O gado urrando ao eco do vaqueiro.

O cantar estridente da seriema,
E o “cachimbo” da velha Borburema
Nas manhas invernosas de janeiro.



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Na Borborema > Bio Crisanto

Poeta Bio Crisanto

O Sol desponta ruivo cor de gema,
Iluminando o pico magestoso,
Do gigantesco dorso sinuoso
Da tão acidentada Borborema.

No sopé da montanha geme a ema,
E embaixo o terreno podregoso,
Ouve-se o canto ingênuo e harmonioso
Da inocente pernalta, a seriema.

Chove,troveja, e o vento forte agita,
A flora se sacode, a fauna grita,
Um raio irado desce e a penha abre.

Agora é tarde, o Sol rubro descamba,
E rodopiando como roda bamba
Apaga a luz detrás da Serra-Jabre.

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No Sertão Antigo > Bio Crisanto

Poeta Bio Crisanto

Um moleque no corte assobiando,
Um cavalo pastando na ladeira,
Uma briga de bois na bagaceira,
E um boeiro malfeito “cachimbando”.

Um novilho pé-duro ruminando
Na sombra do oitão da bolandeira,
Um telhado coberto de poeira,
E um rebanho de ovelhas descansando.

Dois bois mansos criolos atrelados,
Parecidos em tudo, emparelhados,
Vão puxando a almanjarra sem preguiça.

Enquanto várias campesinas belas
Aparecem cantando nas janelas
Duma casa de alpendre à tacaniça.